Passadas as Eleições Municipais de 2020, ficou evidente que o discurso progressista da Frente Popular de Pernambuco não passa de um disfarce para práticas fisiológicas, o que mostra que o único objetivo do PSB é manter o controle da máquina pública.
Ao enfrentar Marília Arraes (PT) no segundo turno, João Campos (PSB) lançou mão da estratégia anti-petista para desqualificar sua adversária perante os eleitores mais moderados e de direita. A contradição do PSB e da Frente Popular se deu em três pontos: o PSB não é menos corrupto que o PT, também não é menos socialista e, além disso, ambos os partidos foram aliados em diversas ocasiões e mantiveram muita afinidade ideológica.
Outro ponto que contrariou o discurso progressista da Frente Popular foi a aliança fisiológica com o segmento religioso. Para isso, o PSB levantou declarações anti-cristãs de Marília Arraes para criar uma indisposição entre ela e os conservadores. Outra vez, o PSB lançou mão de estratégias que fogem do campo progressista, fazendo com que os conservadores esquecessem do recente episódio do CISAM que consagrou o Recife como a capital do aborto.
Por fim, o apoio do MST à candidatura de Marília Arraes foi utilizado exaustivamente para causar repulsa nos eleitores mais moderados. Diz-se nos bastidores que esse apoio foi costurado por petistas mais interessados na vitória do PSB e é notório que os socialistas tomaram partido na divulgação desse fato. Mais uma contradição, tendo em vista que Arraes foi um aliado histórico dos movimentos sem terra.
Ao contrariar a sua própria história e ideologia, a Frente Popular perde o discurso que a levou ao poder. Cada vez mais imbricados com as elites pernambucanas, que não recusam possibilidades de acesso ao dinheiro público, os socialistas se agarram à máquina do estado e às alianças com partidos fisiológicos para garantir a perpetuação no poder. Caem, portanto, as máscaras e podemos ver a essência do PSB nua e crua.
Foto: SEI/PE