Perfil Eleição do Recife 2020: Mendonça Filho

Perfil Eleição do Recife 2020: Mendonça Filho

José Mendonça Bezerra Filho é formado em Administração pela UPE, fez um curso de Gestão Pública pela Kennedy School, Escola de Governo da Universidade de Harvard (EUA), é consultor em gestão pública e atualmente é pré-candidato a Prefeito do Recife.

O pai de Mendonça Filho, José Mendonça, que tinha origem relativamente humilde, iniciou sua carreira política em Belo Jardim, tendo exercido vários mandatos como deputado estadual e federal, além de ter conseguido eleger vários prefeitos para o seu município. Pela sua força política, ficou conhecido como Baraúna do Agreste.

Já Mendonça Filho, que nasceu no Recife, iniciou sua carreira política aos 20 anos, quando se filiou ao PFL e venceu a sua primeira disputa para deputado estadual, em 1986.

Na ocasião, o PFL era um partido novo, oriundo da divisão do PDS, que concentrava a maior parte dos políticos conservadores do Brasil e era tinha hegemonia no Nordeste. Pelo PFL de Pernambuco, passaram nomes fortes como o ex-governador Roberto Magalhães, o ex-vice-presidente da República Marco Maciel, o ex-governador Joaquim Francisco, o ex-governador Gustavo Krause, o deputado Osvaldo Coelho em Petrolina e o próprio José Mendonça. Mendonça Filho jamais trocaria de partido, mesmo após a mudança de nome.

Mendonça Filho também foi deputado constituinte e participou da elaboração da Constituição de Pernambuco em 1989.

Entre 1991 e 1995, Mendonça foi secretário de Agricultura de Pernambuco no governo de Joaquim Francisco. Na ocasião, ele criou os programas “Água Para Todos”, que construiu adutoras no estado, e o “Terra e Comida”, que distribuiu terra para agricultores.

Mendonça se elegeu deputado federal pela primeira vez em 1995, mandato que manteve até 1998. Nessa primeira passagem, foi autor da PEC que permitia a reeleição para mandatos no Poder Executivo. Com a promulgação da PEC, o presidente Fernando Henrique Cardoso se reelegeu em 1998, adiando a chegada de Lula e do PT ao poder.

Em 1998, visando criar uma frente que unisse o centro à direita em Pernambuco para derrotar Miguel Arraes, que era governador e tentava a reeleição, o PFL se juntou ao PMDB para criar a já quase mitológica União Por Pernambuco. Com a União, Jarbas Vasconcelos disputou o cargo de governador e Mendonça Filho de vice-governador. A chapa da União venceu Miguel Arraes com 64,13% contra 26,37. A disparidade também se refletiu na eleição para presidente da República, já que a União Por Pernambuco serviu de palanque para FHC derrotar Lula com folga no estado.

Como vice-governador, foi o principal executivo do Governo, tendo atuado na atração de investimentos para a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a ampliação do Porto de Suape, a implementação das escolas de tempo integral em Pernambuco (programa pioneiro no Brasil) e do Porto Digital, além de ter coordenado a privatização da Celpe.

Em 2002, apesar de Lula ter chegado à Presidência da República e de a Prefeitura do Recife já estar sendo ovipada por João Paulo (PT), o que mostra uma clara guinada à esquerda no país, a União Por Pernambuco conseguiu derrotar Humberto Costa (PT) e a chapa Jarbas/Mendonça permaneceu à frente do Governo de Pernambuco.

Em abril de 2006, Jarbas Vasconcelos renunciou para disputar o cargo de Governador no mesmo ano. Já Mendonça, que havia se tornado governador, preparou-se para disputar a reeleição como Governador.

Mendonça disputou o pleito de 2006 contra Eduardo Campos e Humberto Costa. Tendo iniciado a disputa na frente e como favorito, Mendonça venceu o 1° turno com 40% dos votos. Porém, perdeu o segundo turno para Eduardo Campos por 34,64 contra 65,36% dos votos. Analistas atribuem a derrota à má vontade de Jarbas em fazer campanha para Mendonça, à união entre Humberto e Eduardo Campos e ao apoio de Lula a Eduardo. Essa vitória deu início a uma nova fase de hegemonia da família Arraes/Campos em Pernambuco.

Em 2008, Mendonça enfrentou João da Costa para o cargo de Prefeito do Recife. Ele acabou ficando em segundo lugar, mas João da Costa contou com a boa avaliação de João Paulo e o apoio nacional do PT para se eleger no primeiro turno.

Em 2010, retomando o fôlego das duas derrotas que havia sofrido, Mendonça voltou a se eleger deputado federal, para exercer o seu segundo mandato. Ainda contando com uma forte popularidade, ele teve 142.699 votos, sendo o 8° mais votado naquele pleito.

Em 2012, Mendonça tentou mais uma vez disputar a Prefeitura do Recife. Porém, com a péssima gestão que o PT vinha fazendo e a alta popularidade de Eduardo Campos, Geraldo Julio venceu a eleição ainda no primeiro turno.

Em 2014, diante do rompimento entre o PT e o PSB no estado e nacionalmente, devido à candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República, as forcas de centro e centro-direita disputaram a eleição junto ao PSB. Na ocasião, Mendonça se reelegeu deputado federal, mas com uma votação menor que a anterior, com 88.250 votos.

Porém, em menos de dois anos, o PSB, já sem Eduardo Campos, iria voltar para o campo da esquerda. Enquanto isso, o Brasil daria uma guinada à direita.

Mendonça Filho foi um dos poucos grandes políticos de Pernambuco a apoiar os pedidos de impeachment de Dilma Rousseff desde o primeiro momento, o que lhe deu uma nova evidência no cenário estadual e até nacional. Ele viria a ser escolhido pelos movimentos que pediam a saída de Dilma como coordenador nacional do Impeachment.

Com a deposição da presidente Dilma em 2016, Mendonça foi convidado para ser Ministro da Educação no novo Governo. Exercendo o cargo com destaque, conseguiu aprovar a Base Nacional Comum Curricular, que vinha sendo debatida havia mais de 20 anos, e barrou a ideologia de gênero das diretrizes nacionais de educação e materiais escolares que já haviam sido aprovados na gestão anterior. Com essa atuação, passou a ser considerado por analistas como melhor Ministro da Educação das últimas décadas.

Em 2018, Mendonça foi cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa do PSDB ou para ser o candidato a Governador da oposição. Porém, preferiu ser candidato a senador. Apesar do bom desempenho e de aparecer em primeiro nas pesquisas, tinha menos tempo de televisão e, com os ataques combinados dos outros candidatos da situação, Jarbas Vasconcelos e Humberto Costa, acabou ficando em terceiro lugar, mesmo tendo vencido no Recife. Essa derrota é atribuída à atuação do candidato à reeleição para Governador, Paulo Câmara, e ao baixo desempenho no Sertão.

Apesar de ter declarado apoio a Alckmin muito antes da campanha começar, no final do primeiro turno, Mendonça Filho se aproximou do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), e o apoiou abertamente o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno.

Em 2020, Mendonça Filho pretende disputar a eleição para a prefeitura do Recife. À frente, ele disputará novamente contra o PSB e o PT, porém em um novo contexto social em que o país tende à direita.

Diferente do seu pai, que apenas disputou cargos eletivos e exerceu mandatos sucessivos entre 1967 e 2011, Mendonça Filho pagou o preço por disputar cargos no Poder Executivo contra as forças de esquerda em Pernambuco.

Tem como marca a coerência que manteve durante toda a sua carreira, é católico, mantendo posição contra o aborto, contra as drogas, contra a ideologia de gênero e a favor do empreendedorismo.

Porém tem o desafio de conseguir unir as várias pré-candidaturas de oposição, superar as fortes “máquinas” eleitorais do PSB e PT e só recentemente conseguiu vencer o que muitos consideravam uma certa timidez, por ter sido mais introvertido na juventude.

Pontos Positivos

  1. Apoia o presidente Jair Bolsonaro.
  2. Sempre esteve na direita e contra o PT.
  3. Tem ampla experiência em gestão pública.

Pontos Negativos

  1. Tem uma estrutura eleitoral menor que o PT e o PSB.
  2. Sofre rejeição de uma parte do eleitorado do Recife que é de esquerda.
  3. Pode não conseguir unir todas as pré-candidaturas de oposição.

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